Resenha: Sangue Quente (Livro)

Bem, não sei como escrever já que ainda estou sob choque.

Eu sempre pensei, PENSEI, que não fosse possível que algum autor pudesse "crepusculizar" os zumbis, mas como sempre, subestimei a capacidade humana de estragar o que é perfeito.

Claro, o frio na espinha já aconteceu quando abri a embalagem do Submarino e me deparei com uma indicação de ninguém menos do que Stephenie Meyer (autora de Crepúsculo ) sobre como ela ficou apaixonada pelo zumbi R, personagem principal do livro.

Se ao menos eu tivesse ouvido meus instintos...

Sangue Quente (Warm Bodies no original),de Isaac Marion, narra a história de um mundo que já foi derrotado pelos zumbis. Os sobreviventes humanos se reúnem em fortalezas com alguns milhares de habitantes, relativamente isolados uns dos outros. Os zumbis por outro lado, se reúnem em "colméias", onde permanecem vagando sem rumo, somente se movendo quando pretendem buscar alimentos (carne e cérebros) para eles próprios e para os seus que não podem caçar. São liderados por seres conhecidos como "Ossudos". Esqueletos já tão antigos que nada de carne resta sobre eles.

Em uma destas colméias, localizadas em um aeroporto, vive (?!?) R, um zumbi com sérios problemas existenciais que tem diversos papos cabeça com seu amigo M (os zumbis não se lembram de seus nomes em vida, por isso, as letras que eles pensam que podem significar algo se tornam seus nomes.

R é viciado em cérebros, pois quando os comem, zumbis podem assistir e sentir as vidas de suas vítimas, tornando o tormento de ser um zumbi sem memórias e sem pensamentos, um pouco menor por alguns instantes.

Até aí tudo bem, mas durante uma das caçadas, R consome o cérebro de um rapaz e então, passa a se sentir atraído e com um estranho dever de proteger a namorada do jovem, Julie.

*SPOILERS*

Bem, zumbis protegendo pessoas e começando a pensar e falar, foi um pouco de limites ultrapassados pra mim. Mas quando os zumbis demonstram fator de cura e usam telefones (???), quase fecho o livro e o atiro pela janela. Além disso, mesmo que não brilhem sob o sol, os zumbis se transformam em algo diferente e vão voltando à vida aos poucos, com olhos "amarelos como o Sol". E zumbis correndo e subindo em paredes como aranhas, dirigindo e cantando Frank Sinatra e fator de cura no estilo Wolverine também não ajudaram... Tosqueira.

*FIM DOS SPOILERS*

Comprei o livro simplesmente pelo dever cívico de me manter informado, nada mais. O livro tem previsão pra se tornar filme já em breve, seguindo a mesma linha romântica de Crepúsculo. Boa sorte àqueles que irão ver os zumbis se tornarem delicados e fofos como os vampiros pimpões e brilhantes da série de vampiros mais desonrosa da história.

As pós adolescentes cheias de hormônios que me desculpem, mas pra mim, Isaac Marion tomou muitas licenças poéticas pra tratar essas criaturas como zumbis. São no máximo, os vampiros de Crepúsculo no pós-guerra contra a humanidade e com uma dieta mais ampla, nada mais.
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Talvez se Marion tivesse parado no seu conto I am a Zombie Filled with Love, que é um ensaio mais interessante e mais realista sob a perpectiva zumbi, a coisa não teria sido tão ruim. Não precisava ter acabado desse jeito...